terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Igualdade salarial entre raças e sexos ainda está distante

A desigualdade salarial entre sexos cai, mas a um ritmo lento demais, o que, nas projeções da ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, pode exigir quase 90 anos para que homens e mulheres tenham o mesmo salário quando desempenham a mesma função.
"Se fizermos uma regra de três simples, projetando os dados para o futuro, levaríamos 87 anos para superar a diferença salarial entre homens e mulheres", lamentou a ministra, em entrevista publicada na Agência Brasil, durante a divulgação do estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), nesta terça-feira.
"Desde 1993, as mulheres já superaram os homens em anos de estudo. No entanto, ainda sofrem mais com o desemprego, e as que estão empregadas ganham menos que eles", afirma o relatório do IPEA, disponível em seu website.
A desigualdade não é percebida só entre sexos, mas também entre raças, de acordo com a pesquisa.
"As mulheres negras são as que ganham menos, registram as maiores taxas de desemprego, as menores de emprego formal e formam o maior contingente de domésticas. Ser empregada doméstica ainda é, no Brasil do século 21, o emprego mais comum para a mulher negra. A cada cinco negras, uma é doméstica. Para a mulher branca, essa proporção diminui para uma doméstica em cada oito com trabalho remunerado", aponta o IPEA.
"Apesar da igualdade formal, presente na letra da lei e de importância inquestionável, é na vivência cotidiana que a ideologia que reforça iniqüidades de gênero e raça é mais explicitamente
percebida", diz Marcio Pochmann, presidente do IPEA, no relatório.
Ele conclui que "se as desigualdades não são neutras quanto ao sexo e à cor, é preciso lançar luz sobre esses recortes de forma a potencializar a ação pública no sentido de enfrentá-las. Somente
quando a igualdade formal se traduzir em igualdade real poderemos nos orgulhar da consolidação da nossa democracia".
É uma triste realidade, para a qual não podemos fechar os olhos.

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